A
espiritualidade consagra o melhor das mensagens de todas as religiões. A
espiritualidade traduz o modo de viver característico de um crente que busca
alcançar a plenitude da sua relação com o transcendental.
Cada doutrina
religiosa comporta uma dimensão específica a esta descrição geral, mas no
aspecto religioso, pode-se traduzir a espiritualidade como uma dimensão do
homem como ser naturalmente religioso e que constitui, de modo temático ou
implícito, a sua mais profunda essência e aspiração. Porém, há existência de
uma espiritualidade inclusive em meio ao ateísmo. André Comte-Sponville fala de
uma "espiritualidade sem Deus " no sentido de uma abertura para o
ilimitado, um reconhecimento do ser como relativo, mas aberto para o absoluto.
Seria o reconhecimento da dimensão misteriosa e ilimitada da existência, que
não precisaria passar por alguma explicação religiosa; uma experiência que vai
além do intelecto.
Atualmente,
a espiritualidade tem sido bastante estudada no que se refere às suas relações
com a saúde humana. A Organização Mundial de Saúde (OMS) vem
aprofundando as investigações sobre a espiritualidade enquanto constituinte do
conceito multidimensional de saúde. Atualmente, o bem-estar espiritual vem
sendo considerado mais uma dimensão do estado de saúde, junto às dimensões
corporais, psíquicas e sociais.
Edgar Morin, considerado
um dos principais pensadores contemporâneos e um dos principais teóricos do
campo de estudos da complexidade, que inclui perspectivas anglo-saxônicas e
latinas, cuja abordagem é conhecida como "pensamento complexo" ou
"paradigma da complexidade", diz que é sistemático demais o homem
possuir um sapiens ou dois, em sua autodenominação; é preciso
acrescentar um demens, ficando: Homo sapiens sapiens demens, o que
mostra o quanto é descomedido, louco. Todo homem é duplo: ao mesmo tempo que é
racional apresenta certa demência. A complexidade humana envolve o
entrelaçar de coisas que aparentemente estão separadas.
O início do
século 20 foi marcado por duas revoluções científicas: a teoria da relatividade
e a mêcanica quântica. Ambas obrigaram a humanidade a rever doutrinas e tiveram
aplicações nas mais diversas áreas, da filosofia à indústria bélica. A teoria
quântica, por exemplo, derrubou certezas da Física e as substituiu pela noção
de probabilidade. A relatividade pôs em questão os conceitos de espaço e tempo.
Para completar, na termodinâmica, chegou a necessidade de tratar as partículas
físicas tanto como corpúsculos quanto como ondas. Quando tudo parecia incerto e
relativo, a teoria do caos, já na segunda metade do século, veio, de certa
forma, na direção oposta, ao demonstrar que também nos sistemas caóticos existe
ordem.
Nesse
momento, e pleno século XXI, na Era de Aquários, o homem se depara com uma
realidade global que o leva a muitos conflitos e questionamentos, onde
pressupõe uma mudança em muitos aspectos da sua realidade, criando novos
paradigmas e conceitos sobre sua identidade enquanto ser biopsicossocial e
espiritual.
A identidade
humana é uma característica de cada ser que permite distinguir um indivíduo de
outro, um grupo de outros grupos ou ainda uma civilização de outra. Refere-se,
de modo específico, às características próprias de cada um, da espécie humana e
da sociedade. Ela marca a cada um, individualmente, e ao mesmo tempo o
diferencia enquanto espécie humana de outras espécies.
É um produto
de nossa evolução cósmica antropológica e cultural e se constrói de maneira
gradativa por meio das interações sociais.
O homem
precisa buscar a compreensão do mundo, do humano e da humanidade tendo como
base instrumentos de um conhecimento complexo, pois estes têm a pretensão de
conceber, inseparavelmente, o diálogo da unidade e da diversidade humana.
O homem dá
início à constituição de sua identidade ao entrar em contato com o mundo,
transforma a natureza e produz diferentes culturas. A cultura constitui a
herança social do ser humano, assim como, as culturas alimentam as identidades
individuais e sociais no que elas têm de mais específico. Por isso, as culturas
podem mostrar-se incompreensíveis ao olhar das outras culturas,
incompreensíveis umas para as outras.
Os traços
mais marcantes da identidade de cada um, são produzidos no seio de cada
cultura, compondo, dessa forma, identidades múltiplas e diferenciadas. Na
relação com os outros seres humanos e com as outras culturas, o homem se torna,
ao mesmo tempo, semelhante e distinto. Nos traços de cada homem genérico estão,
também, os traços de sua especificidade.
Nossa identidade
biológica e social liga-se à nossa identidade humana e planetária revelando-se
a cultura o capital humano fundamental.
Biologicamente,
o ser humano nasce e se desenvolve como um ser ainda não acabado, cabendo à
cultura a tarefa de moldar esse homem enquanto indivíduo e enquanto membro de
uma espécie e de uma sociedade. As culturas alimentam e moldam as identidades
individuais e sociais naquilo que elas têm de mais profundo, contraditório e
específico.
No geral, se
sabe que o ser humano é algo muito complexo e difícil de entender, e, para
compreendê-lo com mais detalhes, apenas é necessário integrá-lo numa cultura,
num contexto histórico, mas principalmente, inseri-lo nessa trindade humana,
onde não é noção primeira nem última, mas uma noção central da trindade humana.
Mesmo contendo a multiplicidade o homem permanece como um sujeito único e,
desta forma, os outros moram nele e ele mora nos outros.
Em meio à
dualidade e à multiplicidade terrena é único e, consegue inserir em si o
diferente.
A sua
identidade consegue agregar várias dimensões e características. Sendo assim, a
sua personalidade revela uma identidade multiforme, ou seja, cada pessoa é
singular, porém, ao mesmo tempo é duplo, plural e diverso.
O homem
busca uma explicação plausível quanto sua identidade humana e cultural, tem uma
natureza biológica, uma natureza social e uma natureza individual.
A verdadeira
complexidade humana só pode ser pensada na simultaneidade da unidade e da
multiplicidade. Enfim, somos semelhantes e, ao mesmo tempo, diferentes uns dos
outros, por um processo evolutivo biossocial, mas que vai além.
O homem se
pergunta:
Quem sou?
De onde vim?
Pra onde
vou?
A busca
constante pelo significado da vida só poderá ser compreendida através da
espiritualidade a partir da conexão com o Todo ou Algo Maior, traduzindo-se na
prática como Equilíbrio, Amor, Paz, Compaixão, Reconexão, Essência, Felicidade
e Harmonia.
Um comentário:
Gostei do artigo. Muito bom!!!
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